Detentos doam o próprio almoço para ajudar vítimas das enchentes.


ONG Pacto Social & Carcerário São Paulo


Detentos doam o próprio almoço para ajudar vítimas das enchentes.

Sensibilizados com a tragédia ocasionada pelas chuvas no sul do Estado e na região serrana do Rio de Janeiro, detentos do Presídio de Lagoa da Prata, na região Centro-oeste de Minas Gerais, se uniram voluntariamente à legião de colaboradores anônimos que tentam minimizar o sofrimento dos desabrigados. Nesta quinta-feira, dia 20, eles deixaram de almoçar para que os mantimentos que seriam usados no preparo das refeições sejam doados às vítimas das enchentes.
A ideia partiu dos presos e acabou tendo a adesão também dos funcionários e diretores da unidade. O resultado foi uma carga de 50 quilos de alimentos para serem enviados às áreas mais atingidas. Para a presa Janaína Pereira, de 33 anos, que cumpre pena há 3 anos e 5 meses, a atitude representou sua primeira participação em uma ação de ajuda voltada para pessoas que não estão privadas de liberdade. “Dissemos que queríamos ajudar. Mesmo presas, somos pessoas iguais a todas as outras. Temos necessidade de ver o mundo melhor lá fora. Todos que estão aqui e se dispuseram ajudar têm filhos, parentes, e não queriam que eles passassem por tal situação”, disse.

“Também temos coração”

O Presídio de Lagoa da Prata acolhe atualmente 126 presos, sendo que 110 aderiram à ação. “É a forma que achamos para provar que também temos coração. Ficamos sem almoçar apenas por um dia, mas para quem vai receber os alimentos isso vale muito. Se preciso fosse, a gente faria muito mais. Podemos ajudar a sociedade aí fora. Hoje até assistimos ao jornal com o coração mais aliviado”, completa Janaína.

Como na quarta-feira foi um dia em que os familiares levam comidas aos presos, eles puderam substituir o almoço pelos alimentos que receberam, como biscoitos e pães de queijo. Como as outras três refeições do dia foram mantidas, não houve problemas. O diretor geral da unidade, Sebastião Magela de Castro, ressaltou a mudança de postura dos detentos. “Já houve situações, há alguns anos, em que os presos faziam tumultos por causa de comida. Hoje, eles tiveram a iniciativa de deixar de almoçar para ajudar os outros”, reforça.

Os alimentos serão repassados à Cruz Vermelha, junto com outras doações que chegarem até o presídio, que está servindo como um dos pontos de arrecadação de donativos do município.