Prisões têm 135 médicos para cuidar de 179 mil PRESOS nas unidades prisionais de São Paulo

ONG Pacto Social & Carcerário São Paulo


Prisões têm 135 médicos para cuidar de 179 mil

Levantamento do CNJ encontrou presos com problemas de saúde graves sendo tratados com dipirona.QUE ABSURDO


Relatório do Mutirão Carcerário do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) revela que a maioria dos 179,6 mil presos que cumprem pena em unidades prisionais de São Paulo não tem acesso a tratamento médico. Presos com doenças crônicas graves relataram aos juízes serem tratados à base de dipirona (remédio anti-inflamatório), sem qualquer acompanhamento de especialistas.

Segundo o Sistema Integrado de Informações Penitenciárias, do Ministério da Justiça, são 134 clínicos gerais e um ginecologista trabalhando em cadeias e penitenciárias paulistas. É como se cada médico fosse responsável por 1,3 mil presos.

E o número de profissionais de saúde da estatística é bem diferente da realidade. O juiz Esmar Custódio Vêncio Filho, um dos coordenadores do Mutirão Carcerário em São Paulo, afirma que muitos desses médicos tiraram férias vencidas, licença-prêmio ou pediram exoneração. A consequência disso, diz o magistrado, é que há poucos funcionários para atender a demanda.

DOENÇAS GRAVES/ Esmar ouviu relatos de presos com artrose avançada sem medicamento. Há detentos com doenças de pele graves que nunca passaram por um dermatologista. Em Franco da Rocha, o CNJ encontrou cadeiras de rodas quebradas, enfermaria abandonada e um homem com um pino saindo do pé. As cenas foram fotografadas e fazem parte do relatório que vai ser divulgado na íntegra em março.

Outro problema é a falta de dentistas. Oficialmente há 125 – um para cada 1,1 mil presos. Além do quadro ser bem menor do que o declarado, afirma o CNJ, não há estrutura para trabalhar. “A única solução para os presos que têm dor de dente é a extração. Limpeza, canal ou obturação, nem pensar”, conta o coordenador do mutirão.

O CNJ pressiona o governo paulista para que as condições de saúde oferecidas ao preso melhorem. “O controle de doenças como tuberculose e Aids é bom, mas o restante é muito deficitário e insuficiente. A questão deve ser tratada com prioridade”, afirma Esmar